quinta-feira, 12 de julho de 2012

Palavras ao vento


Pois que o vento sirva-me de escudo,
faça-me, 
ainda que meus olhos
serrados pelo tempo, travados pelo medo,
cheios de insegurança, 
escondendo-se dos segredos,
que o vento faça-me seguir teu caminho,
encontrar a concretização de um sonho,
mesmo que impossível,
que o vento faça-me não perder a esperança,
que toques nos meus cachos,
como a um Deus, 
indicando a correta direção,
ou mesmo que faça-me perceber,
que o caminho que percorro 
não é aquele que deverias correr,
que quando tu, vento, tocares minha face,
toques com carinho quando estiver eu tristonha,
que tragas o perfume do meu sonho
quando estiver eu a desistir,
que quando estiver eu a correr demais,
a caminhar para trás, a magoar pessoas,
que tu, vento, corte minha face,
que passes com toda tua força
e todo teu poder,
para que, assim, levante eu a cabeça
e reconheça, com coragem, que errada estou,
que tu, vento, me acolha nos dias de sol 
e me abrace! Como uma mãe, ou um pai,
que nos dias frios, tu sejas uma brisa, 
para que eu não esqueça
que a vida, e tudo a sua volta,
tem dois lados,
que tu, vento, nunca abandone-me,
pois quando tudo parecer perdido,
que tu venhas, e como se de súbito,
abras meu olhos, medrosos, frios, lacrimosos,
e mostre-me as flores caírem das árvores,
o sorriso inocente das crianças, a honestidade,
a liberdade, a amizade, as cores,
que tu, vento, mostre-me o amor,
e mesmo que Pandora tenha mesmo aberto a tal caixa,
que tu mostre-me que restou o esquecido
em meio a tanta maldade no mundo,
que tu, vento, mostre-me a esperança,
a esperança que és viver,
que tu, vento, mostre-me que eu,
eu que aqui peço-te tanto,
que tu mostre-me que és,
nada mais, nada menos, eu,
eu neste mundo, uma passante...

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