quarta-feira, 26 de maio de 2010

Diálogo entre felicidade e carol

Felicidade entra em casa...
F: - Olá Carol!
C: - Finalmente apareceu, hein!
F: - Eu sempre estive por perto!
C: - Ah é!
F: - A cega sou eu, mas quem não enxerga é você!!!

Carol

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ilusão

   Mais um dia que ela acorda atrasada, e não por esquecimento, por vontade. O despertador toca, mais cinco minutos, mais cinco minutos, e mais cinco, algumas vezes até mais cinco. Ela queria que fossem mais, mas nem isso ela pode. Levanta já com vontade de deitar. Sem fome alguma, fica com vergonha de recusar o café já pronto. Correndo contra o tempo, engole o mais rápido possível aquele líquido quente com um pedaço de pão. Escova os dentes, pega a chave e sai. Com tanta pressa, esquece o caderno e não volta. Abre a porta do carro, coloca a mochila no banco do carona e nota que esqueceu também o celular, pronto, era a coragem que faltava para buscar o caderno. Trazendo consigo sua companhia diária, seu despertador, sua esperança, liga o carro. Enquanto dirige, troca o cd e segue sua trilha. Atravessa a cidade para buscar suas caronas. Sem nenhuma vontade de trocar uma palavra, ela fala, tem vergonha dos outros pensarem que não está bem. Tem tanta vergonha que já criou uma personagem diária da alegria. Ela finge estar bem tão bem, que sua alegria chega a contagiar. Ela já se acostumara a ser feliz de mentira.
   Chegando na sala de aula, cumprimenta todos e senta. Quer sentar-se no fundo, longe, no canto, mas não consegue, precisa de gente a sua volta, precisa de vida. Sem conseguir prestar atenção na explicação do professor, ela fica sonhando de olhos abertos, imaginando, esperando.
   Saindo da aula é a mesma rotina, levar as caronas, estacionar o carro, desligar o som, apertar o botão de trava da porta do carona. De tanto repetir, ela já podia fazer de olhos fechados esse trajeto. E ninguem ligou pra ela.
   Almoço já pronto, ela come o mínimo possível. Entra na Internet, verifica os e-mails, nenhuma resposta. Entra no orkut, nenhuma atualização, nenhuma mensagem, nenhuma declaração, nada.
   Com livros e livros para ler e estudar, ela deita na cama, fecha os olhos e pede para sonhar, chega a implorar. Ela chega a ser capaz de sonhar que está sonhando. Pior, ela finge que está sonhando. Ultimamente ela já se contenta somente em ter os olhos fechados.
   Algumas horas depois ela se lembra. Ficou deitada tanto tempo que o tempo passou, ela não estudou, ela não sonhou, ninguém ligou, e esse tempo é só mais um espaço vazio entre os muitos de sua vida. Ela precisa levantar, falta a coragem. Coragem de enfrentar a vida, as pessoas, a falta delas. Como num súbito suspiro, ela pula da cama num ato de coragem extremo, mas não vai estudar, não vai ler, não vai desenhar, não vai tocar, vai pro computador. Passa horas atualizando a página em busca de recados novos, depoimentos, e-mails. De tanto esperar, desiste. Ela vai tomar banho, tomar os remédios e beber seu copo de água.
   Deita na cama, estende o cobertor, coloca o ursinho ao lado do travesseiro, liga a TV, coloca o celular próximo, verifica o despertador, ela não quer se atrasar amanhã. Está passando a novela e ela pensa, pensa que a vida não chega nem perto de uma novela, ao menos a dela. E como um criança que ganha um chocolate, ela deita e fecha os olhos, louca para sonhar.
Carol

terça-feira, 11 de maio de 2010

Você

Ei você
que vive em meus sonhos
saberás um dia existir?
é, você
que vive a me enganar
me fazer imaginar
a voar bem longe do chão
você
que insiste em não ouvir
que vive sempre a partir
não saberías o que serias ficar?
você mesmo
que invade minha privacidade
és parte da minha imaginação
e nenhuma na realidade
você
que passa a existir quando fecho os olhos
não cansas de iludir-me?
de ludibriar e brincar com meu coração?
você
que me alegra na escuridão
acalma minha afilção
não saberías o que é emoção?
não conhecerías os sentimentos?
serás você pura e simplesmente imaginação?
criatividade de uma mente medrosa e solitária?
ei, você
não saberías cortar a tênue linha
entre o real e o imaginário?
não saberías pular um muro?
arrombar uma porta?
você
que preferes não existir
como poderás ser
somente em pensamento?
sei que preferes assim
pois sabes que não sei apagar a ti
ei, você
que vive em meus sonhos
saberás um dia existir?
Carol

Felicidade

Ela foi chegando
sem ser convidada
sem bater à porta
foi entrando em casa
uma desconhecida
uma destrambelhada
ela não me engana
ela me maltrata
com sua fantasia
sempre animada
trouxe a alegria
que tanto me faltava
ela parecia
ser pra toda vida
me enfeitiçou
me fez mais atrevida
com ela no meu dia
eu era só sorriso
era dia e noite
era noite e dia
tornou-se uma rotina
mas sem nenhum recado
sem nenhuma carta
ela foi-se embora
bem assim do nada
mas ela não me abala
com essa palhaçada
eu já esperava
essa cartada
no minuto final...
Carol

Ex-candidata a musa

Andava sozinha pelos cantos
pensando em outros planos
antes de encontrar você
que tirou meus pés do chão
me fez andar na contra mão
sem me preocupar em ter
e eu não pude evitar
quando vi já estava lá
chegou ao meu coração
trouxe uma felicidade
que não me pertencia
eu nunca fui feliz assim
mas o que não nos pertence
um dia vai embora
e você foi sem se despedir
ainda bem que foi agora
pois já não era hora
de você partir
foi assim que evitou
ser o meu grande amor
essa história teve um fim
candidata a ser minha musa
fonte de inspiração
conquistar meu coração
mas que bom que foi assim
não podia mais pensar
eu era feliz...
Carol